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domingo, 11 de março de 2012

32.


Como me transformar em pó sem deixar de existir?
Sem ter apenas a morte como única certeza?
Queria ser leve como o ar
Não sentir meus nervos rijos
Ser leve
Parte da vida em todo o lugar
Sem estagnar em apenas um lugar
Trancando o caminho
Como um peso perdido
Uma flecha sem mira
Um barco a deriva
Ter a certeza de estar
De ser este o real destino
Destino...
Destino...
Destino...
Seria tão bom ter um...
Um que não fosse igual ao de todos
Um meu
Um real sentido
Qual é o sentido?
Você tem um caminho?
Ou está no meio de um oceano
Sem placas, ou trilhas a seguir
Tem o vento a bater em suas velas
Sente-se obrigado a ir para a direção que ele tenciona?
Vê que único é o seu DNA,
Mas que sua vida a este mundo
É tão efêmera quanto o seu papel na sociedade?
Pré determinada...
Não te deram a escolha...
Você não quis agir como alguém sensível
Você é uma mulher...
Sensível
Você é um homem
Sem glândulas lacrimais
Sinto o peso
O cansaço de ter de arcar pelas minhas próprias escolhas
Sem ter a certeza de absolutamente nada
Além da morte
Você sente?
É leve como o pó.

A. C. Franz

sexta-feira, 9 de março de 2012

31.

Trancar a respiração
O oxigênio transformado em gás carbônico dentro de mim
Ser a barreira entre um novo e o velho
Esperar que tudo passe
Estrangular o nada
Para que nada se torne
Fechar os olhos
E pensar que nada é
Nada tem
Nada existe
Esquecer
É apenas uma membrana separando você do mundo
Tapar os ouvidos
E ouvir ruídos
Explosões e bombardear de um turbilhão de coisas
Tentar anular o fato de sua consciência estar consciente de tudo ao seu redor
Calar frente a verdade
Esconder atrás da carne
Fingir não ser, fingir não sentir
Fingir, fingir e fingir
Somos todos ótimos atores!
Aplausos para nossos desejos podados
Aplausos para a farsa que tudo se tornou
Aplausos a nossa vida artificial
Um brinde ao eu coisa que sou. 
A. C. Franz