Pages

sábado, 7 de maio de 2011

16.

Embriagar-me

Cair em uma sarjeta e não conseguir levantar

Acordar com o sol na cara

E pensar que o asfalto é uma boa coberta encantada

Olhar pro lado

E encontrar caído do lado

O corpo desfalecido da cachaça em pedaços

Despedaçada

Procurar por um olhar

Achar no chão um cigarro

Molhado, pizado, escurraçado

E agora você é so mais um pisoteado

E as horas passam

Vemos solas de sapatos

A chuva começa a cair

As horas tendem a secar

O caminho que a chuva quer abrir

Tratasse de mais um pobre abrasado

Queimado, deixado de lado, mais um pobre solitário

Dito coitado

Mal sabem eles

Que quem cai pelo alcool

Cai por não admitir a realidade

Aquilo a que os então abonados

Os bons e entiquetados

Acham estar correto

Aquilo a que eles minoritariamente

Impunharam ao pobre coitado solitário

Achando que a companhia

De uma garrafa vazia não passa o calor

Da vida em família

Mal sabem eles

Que esse pobre coitado

Preferiu estar ao lado de fora

A estar aprisionado a formalidades

Uma garrafa vazia nunca ira lhe dizer, lhe cobrar

Uma garrafa, um masso de cigarros

E um casaco molhado

Com a luz derretendo em sua retina

Escuta um som

Olha para o lado e vê o brilho de mais uma moeda

Caída em seu chapéu

Acham-no pobre coitado

E o alimentao a trocados.

A. C. Franz

0 comentários:

Postar um comentário