Embriagar-me
Cair em uma sarjeta e não conseguir levantar
Acordar com o sol na cara
E pensar que o asfalto é uma boa coberta encantada
Olhar pro lado
E encontrar caído do lado
O corpo desfalecido da cachaça em pedaços
Despedaçada
Procurar por um olhar
Achar no chão um cigarro
Molhado, pizado, escurraçado
E agora você é so mais um pisoteado
E as horas passam
Vemos solas de sapatos
A chuva começa a cair
As horas tendem a secar
O caminho que a chuva quer abrir
Tratasse de mais um pobre abrasado
Queimado, deixado de lado, mais um pobre solitário
Dito coitado
Mal sabem eles
Que quem cai pelo alcool
Cai por não admitir a realidade
Aquilo a que os então abonados
Os bons e entiquetados
Acham estar correto
Aquilo a que eles minoritariamente
Impunharam ao pobre coitado solitário
Achando que a companhia
De uma garrafa vazia não passa o calor
Da vida em família
Mal sabem eles
Que esse pobre coitado
Preferiu estar ao lado de fora
A estar aprisionado a formalidades
Uma garrafa vazia nunca ira lhe dizer, lhe cobrar
Uma garrafa, um masso de cigarros
E um casaco molhado
Com a luz derretendo em sua retina
Escuta um som
Olha para o lado e vê o brilho de mais uma moeda
Caída em seu chapéu
Acham-no pobre coitado
E o alimentao a trocados.
A. C. Franz
0 comentários:
Postar um comentário