Estou em construção
Em cada esquina em cada ação
Nunca se sabe onde estará a mutação
Talvez um novo sonho, um novo braço ou coração
Absorvendo tudo a sua volta, com tamanha devoção
Daria honra a uma esponja ou uma embarcação
Com furos por todos os lados a naufragar
Seria um navio a mais no fundo do mar
Um espécime totalmente diferente, a se camuflar
Mas todo navio tem um tesouro, não se sabe o certo o que irá encontrar
Com olhares novos em sua memória a respirar
Olhares famintos a conspirar
Todos com um ideal em algum lugar deste mar
Não sei por que tantas rimas estão em minha mente solitária
Talvez seja um espaço muito grande a sobrar
Não sei, eu estou em construção
A cada passo ou desintegração
Todos pensam conhecer o seu coração
Eu penso não lembrar o caminho da reencarnação
Todo o início é esquecido
Não me lembro do meu primeiro suspiro
Ou da luz, a primeira luz a entrar em minha retina
Pergunto-me por onde anda tanta memória retida
Como uma esponja absorvo toda a alegria
Toda dor, todo mau humor, nesta estrada vazia
Toda saída em atalhos por todos os lados
Vou pelo lado que tiver mais ar
Por que nessas horas pega mal encalhar
Tenha força, seja forte, mostre o preço
O valor de suas lagrimas
Navegue para longe desta água salgada
Esquecendo todas as rimas
A mente se enche de vida
Em alguns segundos, tudo flui lenta e distante mente longe
Não quero o tesouro que todos querem
Eu quero uma passagem curta
Mas que seja a minha passagem curta
Eu quero uma vida
Uma liberdade, um amor e todos os corações
Abrir todas as portas de um caminho
Encontrar as chaves no destino
Me de uma chance pra te sentir, o gosto
A língua enche de sensações
A saliva a transbordar
E um ardume refrescante logo depois
Nem tão doce assim, mas azedo no fim.
A. C. Fanz
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